domingo, outubro 22, 2006

Três tipos de dominação, segundo Max Weber


Max Weber acreditava que existiam três tipos puros de dominação: a dominação legal, a dominação tradicional e a dominação carismática.
Para o filósofo, a dominação legal dá-se em virtude de um estatuto. Através dele direitos e deveres são determinados. O estatuto é criado por uma associação legítima eleita e nomeada pelo senhor. Nesta forma de dominação, obedece-se não a uma pessoa, mas a uma regra, que determina quem e como deve respeitá-la. Até quem a emite submete-se a ela. Os funcionários são contratados, com qualificação coerente com a hierarquia do cargo e direito de ascensão conforme as regras fixas. O ideal é a ação racional, livre de influências sentimentais. Contratos profissionais em empresas são um exemplo deste tipo de dominação.
A dominação tradicional é instituída através da crença na santidade das ordenações e poderes do senhor. Obedece-se a uma pessoa por fidelidade. No quadro administrativo entram dependentes, parentes, amigos ou pessoas ligadas por laços de fidelidade ao senhor, onde observam-se duas formas:
* a estrutura puramente patriarcal de administração, onde os servidores são dependentes do senhor e
* estrutura estamental, onde os servidores são independentes, investidos em cargos por privilégio ou concessão do senhor ou ocupam o cargo em virtude de negócio jurídico, exercendo suas funções por conta própria, não do senhor.
Nesta forma de dominação não há disciplina pois as relações são reguladas pela tradição, privilégio, fidelidade, honra e boa vontade.
A fidelidade está incutida na educação e nas relações das crianças com o chefe da família e refletem-se na relação chefe-funcionário.
Segundo as idéias de Weber“...a associação doméstica constitui uma célula reprodutora das relações tradicionais de domínio”. O exemplo mais puro da dominação tradicional é a patriarcal.
A dominação carismática dá-se em virtude da devoção afetiva a uma pessoa ou a seus dotes sobrenaturais. É a dominação do profeta, do demagogo e do herói guerreiro. Quem manda é o líder e quem obedece é apóstolo. Não se obedece por posição estatuída ou dignidade tradicional, mas por qualidades atribuídas ao líder. O quadro administrativo é escolhido segundo carisma e vocação, não qualificação, posição ou dependência.
É baseada na crença. A fé e o reconhecimento são encarados como dever e o descumprimento castigado. A sucessão pode dar-se por: busca de indícios de qualificação carismática, oráculo, sorte ou técnicas de designação ou ainda por designação de qualificado carismático pelo portador do sistema, por um apostolado, por hereditariedade (crença não na pessoa, mas na dinastia), por ritual ou legitimidade.
Fiquei perplexa com a contemporaneidade do texto, tendo em vista que Weber faleceu em 1920. As formas de dominação perpetuaram-se e entranhadas em nosso inconsciente, nos cegam, moldam nossas atitudes, mas o pior de tudo, ao ler e refletir sobre este texto, me senti adestrada. Somos bicho mesmo! E muitas vezes não muito racionais...

3 comentários:

Profe Indianara disse...

Olá Kelli!
Muito bonito teu blog, porém não concordo quando dizes que somos todos bichos, acho que o ser humano se difere do animal, justamente por ter consciência de mundo. Beijos, Indianara.

silviankeller disse...

Olá Kelli, gostei da foto do Max Weber, já encontrei dois blogs com foto, adorei, mas quanto ao teu texto está muito bom. Parabèns!
Um abraço Silvia

Kryka disse...

Parabéns pelo blog, ele está lindo!
Gosto da maneira como escreves.
Gostei muito do teu texto.
Li o que as colegas comentaram e concordo com a colega Indianara embora, algumas vezes até possamos nos sentir "bichos".