sexta-feira, novembro 03, 2006

Fórum sobre Durkheim - Weber


Li os comentários de todas as colegas e confesso que há uma frase que não sai da minha mente...mas não é do fórum. É de um professor da Escola onde trabalho, referindo-se numa reunião, a nossa fala de partir da realidade do aluno. "Não se esqueçam que a realidade que vocês enxergam não é a dele, mas a que vocês julgam ser a dele, atavés da ótica de vocês". Tenho pensado muito nisso!
Acredito que embora nos esmeremos e busquemos dar aulas excelentes, a escola ainda está longe de ser espaço de desenvolvimento integral das habilidades. Prova disso está nos próprios conteúdos temáticos, que no caso da primeira série pouco citam as habilidades artísticas, por exemplo. E confesso que apesar de integrar, utilizar a prática, despertar o debate e a reflexão, minha prioridade tem sido a escrita. Porque é isso que me será cobrado: que meus alunos sejam alfabéticos para ir a 2ª série. Mas acredito que há como seguir as exigências do sistema, alçando vôos.
Durkheim considera educação a ação de adultos sobre adolescentes e crianças. Pra mim educação é um processo contínuo de interação, independente das faixas etárias envolvidas. No processo de alfabetização, por exemplo, a troca entre as crianças é uma ação benéfica e extremamente construtiva e EDUCATIVA. Julgo o conceito dele tradicional. Pareceu-me educação bancária...os adultos preparando as crianças, moldando-as. Acho que educação é muito mais do que adultos passando seus próprios valores às crianças.
Sem sombra de dúvida, buscamos fazer com que nossos alunos sigam certos estados físicos e mentais impostos pela sociedade e pelo grupo ao qual fazem parte.
Quanto a Weber, fiquei perplexa pela contemporaneidade. Algumas colegas criticaram a conclusão do meu texto no blog sobre este tema, quando afirmei que somos bicho mesmo. É que ao lê-lo, me senti adestrada. Comecei a pensar sobre a forma como me relaciono com meus alunos, familiares e superiores e identifiquei todos os tipos de dominação. E julgo-as importantes para a organização da socidade. Tem que haver normas. O problema é que elas têm valido somente para alguns. É importante que hajam lideranças. O problema é que muitos têm feito mal uso disso.Aí fico me questionando se não fui ensinada a pensar assim. Alguém já leu "Admirável mundo novo", de Adouls Huxley? Leiam! É formidável! Ele retrata a produção de bebês em proveta (muito antes disso ter começado a ser planejado) e o adestramento dos mesmos, onde cada um vestia uma cor conforme a profissão exercida e adorava, sentindo-se capaz apenas para exercer a profissão para a qual foi treinado. Haviam os que nasciam para ter profissões humildes e os que nasciam para liderar. Romances eram proibidos. Relações familiares inexistiam.
Assistam o filme 1984. Mas tomem um chazinho antes...é pesado...
Para encerrar, gostaria de destacar a fala de duas colegas que adorei: a da Janete "O que eu ouço, esqueço, o que eu vejo, lembro, o que eu faço, aprendo!" e a da Juliana Voltz "Nós como professoras, sabemos que como em qualquer grupo profissional, há práticas reprodutoras e práticas transformadoras...conteúdos tradicionais e conteúdos inovadores, momento de avanço, momentos de parada e momentos de regressão. Então, mudar em educação não depende de teorias ou de novos métodos , depende única e, exclusivamente, de professores dispostos a assumirem riscos de mudanças, para poderem desfrutar do prazer de ensinar". Maravilhoso!
Ás vezes meu coração se enche de fé, mas em outros momentos sinto medo pensando onde nossa sociedade irá parar...e aí que entra a importância da educação, qua vai muito além do que são anfíbios, como se separam sílabas e quantas são as camadas eletrônicas de um átomo...

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